sexta-feira, 16 de março de 2012

Somos carentes

Parece que as pessoas andam carentes - foi a conversa que surgiu no ponto do fretado, verdade e é explícito quando alguém que nem conhecemos começa a contar a vida toda em apenas uma viagem de volta do trabalho pra casa, mas afinal são as vezes duas horas dentro do mesmo espaço e ali pode ser um dos poucos momentos de desabafo ou de partilha.
Essa não sou eu, não sou tão sociavel, quem dera pudesse discorrer com facilidade sobre qualquer assunto com qualquer pessoa, faço parte da outra turma dos carentes, os que ficam no seu casulo como a esperar por alguém que possa nos destrancar desse mundo isolado.
Isolamento não deveria existir nos tempos de hoje, mas como nem tudo que parece é, eis mais uma situação que comprova a frase, tantos meios de comunicação e nada de comunicação de verdade, afeto então piorou, mas não quero falar sobre como seria a vida sem o imediatismo dos e-mails ou ficar aqui navegando em devaneios, apesar de acreditar que resta muitas poucas coisas além disso, viver o real tá difícil é mais fácil viver a imaginar como seria se ganhassemos na mega-sena, se mudassemos de país - ou de planeta, como seria se pudessemos fugir e sumir.
Porque passear no parque, sentar no banco da praçinha na rua de casa e coisas do gênero são programas que precisam ser agendados para serem vividos, o trivial de hoje é encontrar alguém no shopping, no metrô, no barzinho da vez. Imagina só ficar sentado na praça que tédio, que agonia, que desespero, lindo por apenas cinco minutos mais que isso a ansiedade bate e a gente já quer logo voltar pra vida normal - salvo excessões.
Eu mesma tenho uma pracinha na rua de casa; a última vez que eu fui? talvez aos sete anos quando tirei uma foto que hoje nem para recordações deve existir mais, tudo bem que as coisas mudam e tem que mudar, assim como ninguém mais anda de bonde, ninguém mais precisa ficar sentado na praça, oras, acho que fui eu que nasci na geração errada.