sábado, 30 de novembro de 2013

Novo endereço

As crônicas agora estão em novo site: www.alguemnajanela.com

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Abraço

Falam que um aperto de mão pode dizer muito de uma pessoa, pode até ser, mas acho o abraço mais revelador.

Um simples ato de abrir os braços expõe muito, o quanto de carinho a pessoa tem, a falta de toque que a pessoa sente, a frieza que sobe pela espinha ou o calor que emana do corpo. Mostra também timidez, liberdade, enfim, infinitos sentimentos e personalidades são colocados a mostra.

Abraçar não é dar tapinha nas costas, aliás, prefiro um tapa na cara do que tapinhas nas costas - um tapa na cara tem mais vontade do que a falsidade desse abraço.

Abraço frouxo é pior que levar um fora.
Abraço apertado é melhor que juras de amor.

Quer um amor avassalador? Prefiro um abraço acolhedor.

É muito mais fácil um aperto de mão ou um ou dois beijinhos pra cada lado, justamente porque o abraço é muito mais intimo. O problema não é só o toque dos corpos, há uma troca muito maior, são instantes de fraternidade e entrega.

Quando somos apresentados a outras pessoas cumprimentamos de várias maneiras, mas  com um abraço normalmente não, seria pegar a pessoa muito desprevenida e com alto índice de não ser recíproco, afinal, nunca estamos preparados para tanto carinho e exposição, podemos até estar preparados para um assalto a mão armada, por exemplo, agora para um abraço de braços abertos, jamais.

Quem não gosta do outro, pode ate fingir um sorriso amarelo, mas o abraço não será apertado, com certeza haverá uma esquiva.

Um abraço consola, traduz o que as palavras não sabem falar e ajuda a curar o que levaria muito mais tempo pra passar.

É assim, como disse minha diva: "tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve".

domingo, 24 de novembro de 2013

O que você usa

Em São Paulo uso quase que todos os dias a famosa calça jeans, nada melhor, ao menos pra mim, não sou adepta de andar de vestido, saia ou shorts por ai, não me sinto confortável.

Engraçado que quando viajo para algum lugar, inevitavelmente a vestimenta usual é o shorts, podemos pensar que é devido ao calor do lugar visitado que normalmente é maior do que onde moro, mas ainda não justifica totalmente, em São Paulo também temos dias de calor insuportáveis e nem por isso encaro um shortinho aos finais de semana que é quando estou mais descontraída.

Já quando viajo a descontração é total, é onde me permito colocar as pernocas de fora, quase como um grito de libertação.
Alforria total mesmo é sair na rua de Havaianas, independente de ser as legítimas ou não, é uma afronta àquela pessoa que todos os dias se locomove de transporte coletivo enfurnada dentro de um tênis e uma calça.

Esses pensamentos surgiram porque fui viajar pro interior nesse último feriado e ao ver as pessoas todas arrumadas no shopping me fez sentir vergonha, por um momento, da maneira como me atrevia a andar sem um salto ou algum acessório mais apropriado para o evento, mas confesso que esse meu incomodo logo passou e eu voltei a me sentir tranquila novamente no meu chinelo de dedo verde fluorescente.

Sábado a noite, festa na cidade, mais especificamente Baile do Hawai, o que mais eu poderia esperar senão pessoas com vestidos lindos, roupas diferentes, nunca estive em Hollywood, mas acho que só lá devo ver pessoas mais bem arrumadas.

Exageros da minha parte é claro, mas novamente lá estava eu - dessa vez não no chinelo de dedo, mas em uma rasteirinha, até tinha strass para tentar dar um charme a mais que a festa merecia, mas se chamei atenção em algum momento não foi pelo rímel que me dei ao luxo de passar, deve ter sido por ser uma das poucas que estavam na festa vestida para andar no calçadão da praia.

Mas pra mim viajar é isso, é a oportunidade de me desligar do dia a dia, é onde posso usar o que bem entendo e que o cotidiano às vezes não me permite, aliás não sou o tipo que usa as melhores roupas em determinadas ocasiões, porque nem mesmo tenho tais roupas - a não ser um vestido longo para um casamento, um trench coat para um jantar em um dia especial, fora isso nada muito além, provavelmente você me verá no shopping, no mercado, em qualquer outro lugar com os mesmos tipos de roupa.

Praticidade, falta de estilo, podem encontrar a melhor classificação que quiserem, só sei que já tive a fase de querer comprar uma roupa toda vez que tinha algo diferente para fazer, inclusive a época de festas de final de ano sempre foram sinônimo de roupas novas pra mim, não agora, esse ano mesmo vou desenterrar alguma peça que acabará se tornando nova depois de tanto tempo sem ser usada.

Se me vissem aqui no meu habitat natural iriam entender que lá, mesmo não estando vestida de acordo, eu estava feliz e  sem nem me preocupar se ao andar o vestido ia levantar.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O mais legal

Você acha que a vida é difícil, que trabalhar é chato, que relacionamentos são complicados, mas e as partes legais? Essas valem mais a pena, a paixão está entre uma delas. É uma necessidade quase que geral, demora-se muito pouco pra se apaixonar e não precisamos de muito para isso, dizem que o interesse está em 55% relacionado a linguagem corporal, 38% no tom de voz e apenas 7% no que a pessoa está dizendo, então é sinal de que nem precisamos nos preocupar muito nas bobagens ditas.

Outra coisa legal é andar de mãos dadas, esse simples ato pode aliviar o estresse - nunca parou para perceber que dificilmente pessoas brigam de mãos dadas?

Olhar fotos, outro ato singelo e maravilhoso, é um resgate que nos traz a tona.
Olhar nos olhos então, resolve tanto quanto uma sessão de terapia e ajuda aliviar qualquer dor sem precisar de analgésicos. Uma conversa pode ser o melhor alucinógeno.
Tudo isso é bom e o mais legal é juntar tudo isso e descobrir que é amar.
Amar nos torna mais gratos e atrai mais felicidade.

Outra coisa boa que acontece é que quando gostamos de alguém nos tornamos menos críticos e mais relevantes - apesar de que eu e você conhecemos gente totalmente diferente disso, mas isso porque gostam de complicar, porque o bem estar causado nas relações são maiores do que os problemas criados.

Existem diversas fontes de energia e prazer e a maioria é comum a todos, não à toa, precisamos quase sempre das mesmas coisas e entre todas as opções oferecidas pelo mundo, a que eu mais gosto é gostar.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

A última que morre

Grande parte dos meus textos são otimistas ou realistas, não vale a pena escrever algo que seja pessimista afinal a vida já tem complicações demais para piorarmos as situações, ao menos no mundo da imaginação, da arte ou em outras formas de expressão podemos tentar dar um tom melhor aos dias. Como não é meu intuito fazer com que cortem os pulsos após a leitura, procuro não dar ênfases dramáticas ou comentar o pior lado - mesmo sabendo que eles existem, mas hoje os pensamentos estão me ocorrendo de maneira um pouco diferente e desordenada.

Dizem que a esperança é a última que morre não é? E quando chega o momento em que ela morre, o que mais resta? Podem me dizer que a esperança só vai se esvair quando falecermos, mas e se isso acontecer ainda em vida, é possível?

Algumas pessoas podem me dizer que isso pode sim acontecer e essas pessoas desprovidas de esperança são aquelas mais comumente conhecidas como descrentes, concordo, mas ainda acho que a falta de esperança é mais do que isso.

A falta de esperança é a falta de força, é um esgotamento e que pode estar relacionado a um sofrimento ou uma desilusão ou não. A pessoa sem esperança se sente perdida, muitas às vezes sente vontade de desaparecer do mapa.

O que fazer? Se entregar, parece ser a última saída, ao menos até o momento em que o tempo vire e as coisas mudem para melhor ou para menos pior. Pensar assim já é ter um sinal de que ainda há esperança, por menor que possa parecer ainda existe um fiozinho ali dentro. Precisamos disso, mesmo que ter esperança seja ter ilusão.
Então eu penso que talvez ter esperança é viver enganado, mas será mesmo que existe alguém desenganado?

A esperança pode ser a última que morre e talvez seja a única que nos resta.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A vida passa

Procuro algumas distrações para preencher o pedaço que me falta, e nessas distrações todas, o tempo passa depressa demais e me faz pensar que já não tenho mais o mesmo brilho de antes, quem dera eu pudesse ser a mulher de hoje com as esperanças da garota de antes.
Não dá.
A inocência escorreu por entre os dedos e eu nem percebi.
A vontade e a esperança ficaram naquela época em que parecia que eu poderia ter tudo aquilo que eu quisesse.
Eu fui diminuindo, encontrando outras formas de viver e de amar.
A diminuição neste caso não é apenas no sentido de diminutivo, claro que houveram muitas perdas ao longo do caminho, mas era inevitável, só assim pude avançar, senão teria ficado presa e refém de uma época.
Avancei demais e cai no abismo que havia logo a frente - me perdi em mim mesma.
Hoje sou refém e a vida continua passando, e eu nem percebo o quão estou cansada.
Ainda tenho sentimentos, eles pulsam, clamam por atenção e eu finjo não escutar, melhor não dar bola, melhor abafar qualquer ousadia que ouse escapar.
Quero alguma coisa, mas que nem sei exatamente o que é.
Tenho um coração que esqueci de cuidar, apenas fui levando pra vida não me levar.
Descobri que sonhar é preciso, mas é necessário saber nadar para não afundar.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Mistério

Definitivamente não sou o tipo de mulher misteriosa, se isso é um charme não sou nenhum pouco charmosa então, vai ver tenho algum outro, não sei, mas não sou do tipo que sabe fazer jogo, sou meio escancarada, se quero falo logo e se não quero também é tchau e benção, já me disseram que isso é objetividade, sem lenga lenga e delongas, não sei também, será?

Pode ser, porque muita conversinha em torno de um mesmo assunto me deixa impaciente, gosto de textos curtos e detesto ficar andando em círculos - apesar de achar que fazemos isso constantemente e inevitavelmente.

Já pensei sobre isso com relação a minha futura profissão - pelo fato de precisar ficar horas, dias, semanas, meses, anos escutando os mesmos papos, os mesmos problemas, mas ainda assim é menos entediante que passar os dias num escritório cuidando de faturas, documentos e coisas afins, sem falar que por trás das mesmas histórias existem questões diferentes ou não, vai ver existam as mesmas coisas, mas chegar a essa percepção também é relevante pra mim.

Adoro surpresas, mas sou curiosa e ansiosa, e acabo me precipitando - ninguém (quase ninguém) nunca conseguiu esconder um presente surpresa, basta me dar uma dica e pronto eu adivinho e lá se vai a graça toda pelo ralo.
Se eu tiver que fazer surpresa então, não conte comigo, sou pior que criança e acabo contando tudo e mais uma vez todo o entusiasmo já era - quanto a segredos fiquem tranquilos, adoro saber de confidências e não contar pra ninguém, morro mas não conto nada, sinto o privilégio de ser única ou fazer parte dos poucos que sabem algo e então não tem a menor graça sair contando aos sete ventos e em respeito a quem me conta também é claro.

Juro, não nasci de sete meses, mas sou afobada, do time das apressadas (se tivesse nascido homem provavelmente teria ejaculação precoce), chego até a achar que o meu coração bate mais acelerado que o de outras pessoas - apesar de nunca ter comparado, levo ao pé da letra a frase "não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje", às vezes leio muito rápido, sou pontual e gente lerda me irrita - e acreditem; eu me sinto péssima com tudo isso. O pior de tudo isso é que me casei com o Sr. deixa pra depois e adivinhem: tenho aprendido um pouco a arte da lerdeza - leiam bem: tenho aprendido um pouco. Isso não significa que eu tenha entrado para o clube dos desencanados, não, mas tenho ao menos aceitado eles no meu cotidiano sem grandes estardalhaços.

Tá achando que não é bem assim, é porque nunca me viu dirigindo, eu buzino, mando sair da frente e como pedestre se alguém estiver andando igual uma tartaruga na minha frente eu desvio mesmo, apresso o passo e saio em disparada - louca de pedra coitada, é o que devem pensar as pessoas quando eu passo - imagine só quando ficar mais velha, outros devem imaginar.

Eu mais velha? Reclamona, sem sombra de dúvidas e daquelas que falam umas quatro vezes a mesma coisa - se hoje em dia eu já repito umas duas. Revoltada eu também já sou, então a tendência é só piorar, quando chegar na velhice provavelmente já terei aprendido a desenvolver a bomba atômica em casa pra jogar no quintal do vizinho se ele colocar funk pra tocar.

Quanto ao velho que estiver comigo se ainda fizer parte dos lerdos por natureza, vai levar uns bons chacoalhões pra ver se aprende a ser mais rápido - duvido muito que algum dia eu consiga desacelerar e me tornar uma pessoa zen, daquelas que não se abala. Se o mundo estiver acabando eu não estarei sentada tomando picolé na praça, provavelmente estarei desesperada em algum canto por ai.

O que foi? Fazer o quê meu povo, a realidade é essa.

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Segunda-feira

Segunda feira é tipicamente um dia difícil e chato, caso exista alguém que se oponha a isso me procure mais tarde, adorarei descobrir motivos do contrário.

Segunda fica pior ainda quando você sai de casa mais cedo na certeza que vai chegar no horário, ledo engano, o trânsito sempre te pega de surpresa. Alguém deve ter tentado se matar, só pode, não vejo explicação para travar tudo. Eu entendo, deve haver tantos motivos pra desistir de tudo. Eu mesma estava ali em total desanimo, torcendo pra que o mundo acabasse em barranco pra eu morrer escorada. Ah, segunda-feira.

Enquanto o fluxo de veículos não se desenrolava eu resolvi terminar de ler meu livro - você quer mesmo que eu conte qual estava lendo? Te dou um doce se você adivinhar. Claro que era da Marthinha, não precisa nem ser muito gênio para chegar a essa conclusão.

Foi quando comecei a sorrir sozinha e o que era apenas uma leve abertura labial se transformou em riso e quando vi já estava completamente mergulhada, viajando na batatinha e escorregando na maionese, tive que me conter para não rir mais e mais. Em plena segunda feira de manhã quem se atreve a ler e ainda por cima ficar dando risada sozinha no ônibus. Eu sei que não sou a única, tem muita gente nos vagões do metrô, por exemplo, se distraindo e encontrando entretenimento em meio a multidão cotidiana, mas ali naquele ônibus, naquela manhã de segunda com transito eu estava sozinha em meus pensamentos, achando um máximo tudo aquilo - as pessoas dormindo, outras me olhando, outras que viajavam mais do que eu.

Foi quando percebi que eu não estava sozinha, estava em ótima companhia, ler aquelas pequenas crônicas me fizeram um bem danado, me fizeram refletir um pouco mais sobre a conexão entre as pessoas, me fizeram dizer um "muito obrigada" interno e silencioso, mas com uma alegria tão grande, tão bonita, tão verdadeira, que creio que mesmo passando muitos e muitos anos esse momento e alguns outros ficarão pra sempre na minha mente.

Como vocês sabem não acredito no "para sempre", mas acho que a eternidade, um dia talvez, me explique todas essas sensações e mesmo que o "silêncio nunca me perdoe por ter dito que te amo" - assim como disse a banda Reação em Cadeia em uma de suas músicas, mesmo que eu tenha me tornado vitima de mim mesma, das minhas próprias frases, da minha própria consciência, ainda assim vou continuar tentando entender a minha vida, mesmo que as conclusões não sejam nada conclusivas.

Foi assim, ao som dessa música e com o término do livro que mais um dos meus dias teve início - aliás, teve início muito antes, e eu nem havia me dado conta, que foi quando li a frase que tenho colada ao lado da porta da entrada de casa: "...agradeça, hoje é um dia que pode mudar sua vida...".

sábado, 2 de novembro de 2013

Parque de diversão

Playcenter? Ainda bem que fechou. Hopi Hari se dependesse da minha visita nem teria aberto os portões. Sou pateticamente medrosa, montanha russa? Só de pensar naquele carrinho em altíssima velocidade me jogando de um lado pro outro fazendo meu coração chegar na garganta e voltar, credo, prefiro ficar no carrinho de bate bate com as crianças, mil vezes mais minha cara.

Já andei em montanha russa, praticamente obrigada, só pra saber qual era a sensação, mas antes mesmo de ir já sabia que não ia gostar, já fui também naqueles "elevadores" que despencam de sei lá qual altura, é deliciosa a sensação quando se chega lá embaixo depois da queda, todos saem com um sorriso no rosto inevitavelmente, mesmo que durante alguns segundos tenha sido só medo e angustia, a adrenalina no final fica a mil.

Não excelentíssimo juiz, sou réu confessa, diversão pra mim só embaixo dos lençóis e com uma dose de vodca ou tequila pra ajudar, o senhor sabe como é nessas horas, a "cabocla" - a famosa neura, aparece e trava a gente, uma música também ajuda, mas depois de alguns beijos no pescoço a dita cuja da cabocla fica quase que totalmente exorcizada.

Quer me punir? Me mande pular de para quedas, prefiro dançar o tchan e descer na boquinha da garrafa, mas essa tal sensação de voar, de liberdade, de vento na cara, deve ser única e inenarrável, mas não obrigada.

Diversão pra mim é rock n roll, é pop, é ir ao cinema, é ler, é dormir, é comer, posso até dizer que é ir a academia, é qualquer coisa dessas bem normazinhas, do cotidiano, que quase todo mundo faz e que com o passar dos dias perde até um pouco do encanto e da graça, mas ainda assim prefiro essas trivialidades, não sou adepta de emoções demais, a única adrenalina da qual ando me permitindo - e seria até crueldade não aproveitá-la, é escrever, é aqui, nessas linhas, que a imaginação se desperta, os personagens nascem, a criatividade - ou a falta dela rola solta, que eu tiro a blusa, abro o zíper e deixo as coisas acontecerem.