Precisamos de fôlego, sabe quando você está submerso e começa
a perceber que precisa voltar à superfície para ter oxigênio fluindo novamente?
Quando chega nesse momento você tenta segurar mais um pouco,
são segundos a mais, mas que fazem toda a diferença. É uma barreira sendo
rompida é a sua força de vontade querendo continuar, mas chega a hora em que
você não resiste e precisa voltar.
Enche os pulmões com todo o ar que consegue para imergir e
dar longas e fortes braçadas novamente para então mergulhar de corpo, alma e
total oxigênio, usa as pernas para dar ainda mais impulso, até chegar ao fim da
linha, ou aqui no caso, ao fim da piscina a tão esperada borda se aproxima, mas
para chegar nela foram necessárias muitas imersões e emersões, muita força
desprendida no percurso.
A sensação é de cansaço, mas também de prazer e de dever
cumprido.
Esse tempo gasto do início ao fim da prova para quem está de
fora parece que foi tão rápido, mas para quem está ali lutando foi uma
eternidade, só nós sabemos o quanto demorou e custou alcançar o que queríamos,
ou se ainda não alcançado ao menos chegamos bem próximo o bastante.
Na vida também é assim, no trabalho, nos relacionamentos vai
chegar a hora em que você vai precisar de um impulso a mais, de um gás a mais e
quando essa hora chegar se você se recusar a voltar pra respirar o resultado não
será satisfatório para não dizer devastador. O custo por essa recusa é caro.
Caminhar sem o ar de que tanto precisamos é insuportável, podemos até aguentar
por um tempo, mas não para sempre.
Adiamos enquanto conseguimos, mas sabemos que a decisão de
voltar para respirar é inevitável.
E isso seja se voltando mais aos nossos parceiros e dando
chances de estarem mais próximos ou mesmo dando a oportunidade para ambos de
experimentarem o sabor e o dessabor de novos amores, seja jogando uma carreira
de anos pela janela e que sabemos que está a anos luz de ser aquilo que nos
completa, seja saindo de dentro da casca dos problemas e voltar à humanidade só
que agora como líder dos próprios atos e não mais como refém.
Para um nadador as braçadas são indispensáveis, para um
corredor são as pernadas que fazem a diferença, mas tanto para eles e quanto
para nós uma coisa é essencial: permanecer respirando.