domingo, 17 de fevereiro de 2013

Beiradas


A gente vive na borda, nem pula pra dentro e nem cai fora.

Queremos contatos, mas não queremos vínculos.

Criamos muitos colegas e poucos amigos.

Telefonamos: uma conversa rápida, nada mais que uns cinco minutos pra cumprir com a obrigação.

Mandamos milhões de SMS por dia, todos superficiais, porque conversa, mas conversa mesmo só olho no olho. Essa a gente deixa pra uma vez por semana que tá bom demais.

Você por acaso acha que eu vou ligar pra falar que estou com saudades? Não, vamos ver se ele me liga primeiro.

Queremos o príncipe encantado, mas também nos recusamos a usar o vestidinho e calçar o sapatinho de cristal.

Estar por completo em um relacionamento? Não, pode ser muito perigoso, melhor nos mantermos em segurança, se cairmos, tchibum....

Queremos manter o equilíbrio, manter o pé no chão, queremos dominar e ainda com tudo isso queremos ser amados, admirados, queremos que alguém não fique na borda pela gente, queremos que se joguem.

A gente só quer aquilo que a gente não pode ser, queremos alguém diferente daquilo que somos. E sabe o que conseguimos? As beiradas. Nunca o inteiro, sempre a metade, o incompleto.
 

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